terça-feira, 22 de maio de 2012

A Antiga Usina

O charme da antiga Usina.
Ponte Nova_MG, 16 de abril de 2009 Projeto Rota Imperial Vista geral da Usina Anna Florencia, grande produtora de acucar no seculo XVIII. Foto: Bruno Magalhaes / Nitro
Fonte: https://picasaweb.google.com/lh/photo/Tin10S630Dbh18FRnRibpw



Fonte: http://www.marcelopinheiro.com/site/certificados/premios/images/Pr%EAmio%20Usina%20Ana%20Flor%EAncia%20foto.jpg


Usina Ana Florência, Pião, 1950
Fonte: http://www.itaborahy.com.br/fotos/a020.html

"Ponte Nova, Engenho e Pião"


Texto de site, segue fonte.



O Mini Disco a seguir,  "Ponte Nova, Engenho e Pião",  foi composto por um artista do Pião, região onde morou e cresceu um ramo bastante grande da Família Itaborahy, em Minas Gerais. Em suas músicas, Celso Garcia, Coro e Orquestra  cantam a história do local e contribuem nas interpretações de fatos e descrições de locais onde habitaram nossos ancestrais. Em sua capa, a famosa Usina Ana Florência, que empregou vários Itaborahys.
 


AS RUÍNAS DA ANTIGA ESTAÇÃO - MAIS UM POUCO DA HISTORIA


E. F. Leopoldina (1913-1975)
RFFSA (1975-1994)
ANA FLORÊNCIA
Município de Ponte Nova, MG (veja a usina)
Linha de Caratinga-km 452,276(1960) MG-0338
  Inauguração: 23.06.1913
Uso atual: em ruínas sem trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
HISTORICO DA LINHA: Este trecho da Leopoldina na verdade era uma junção de várias linhas isoladas originalmente, construídas em épocas diferentes. O trecho entre Entre Rios (Três Rios e Silveira Lobo foi aberto em 1903 e 1904; o seguinte, até a estação de Guarani, ficou pronto em 1883 e havia sido construído e operado pela Cia. União Mineira, até a entrega à Leopoldina, em 1884; o trecho entre esse ponto e Ligação ficou pronto em 1886, enduanto daí para a frente, até Ponte Nova, foi entregue entre os anos de 1879 e 1886. Entre 1912 e 1926, entregou-se a linha até Matipoó (Raul Soares) e finalmente, em 1931, a linha chegou a Caratinga, de onde não passou. Havia um trem de Barão de Mauá, no centro do Rio de Janeiro, para Caratinga, via Petrópolis, todos os dias, desde que a linha completa foi entregue, em 1931. Sem trens de passageiros desde os anos 80 (em 1980 ainda existiam trens mistos fazendo o serviço de passageiros entre Ubá e Caratinga, vindo de Recreio, na antiga linha-tronco da EFL), a linha foi erradicada em 1994 nos trechos Três Rios-Ligação e Ponte Nova-Caratinga; o trecho intermediário consta até hoje como tendo "tráfego suspenso".
 
A ESTAÇÃO: A estação de Ana Florência foi inaugurada em 1913. Dela saía uma linha particular para a fazenda São João, passando por Pião. (Fonte: Nicholas Burman) "Encontrei Anna Florencia (o que restou após a rapinagem) no meio de um canavial. A decadência, que já começara nos anos 1970, quando foram asfaltadas as estradas próximas, culminou com a desativação da Usina de açucar de mesmo nome em 1988. Da linha que ligava a estação à Usina, por volta de 3 km, já não há vestígios. Das linhas que pertenciam à própria Usina, a mesma coisa. Incrível como uma tragédia destas acontece no Brasil, País pobre e agrícola - com os idealistas morre o idealismo. As familias se desagregam, o negócio torna-se oneroso e o que foi riqueza por décadas hoje encontra-se no abandono, na miséria" (Gutierrez L. Coelho, 09/2004). (Veja também E. F. USINA ANA FLORÊNCIA)
(Fontes: Nicholas Burman; Gutierrez L. Coelho, 2004; Amadeu Miguel Gomes, 2007; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960)
   
Ao lado, em violeta, o ramal da fazenda São João. Em vermelhho, a linha para Caratinga. Desenho Nicholas Burman
A estação em ruínas, em 07/09/2004. Foto Gutierrez L. Coelho

A estação em ruínas, em 07/09/2004. Foto Gutierrez L. Coelho


Fonte:http://www.estacoesferroviarias.com.br/efl_mg_tresrios_caratinga/ana.htm

Mais um pouco de História


AS USINAS DE AÇÚCAR
O plantio da cana-de-açúcar em Ponte Nova, em meados do século XIX, já havia se disseminado a tal ponto, que a maioria absoluta das grandes propriedades possuía engenhos e, em vastas extensões de terra, haviam se formado grandes lavouras.
Até a segunda metade do século, os engenhos eram movidos ou a tração animal ou através de rodas d'água. A aguardente e o açúcar cansado e de forma eram largamente exportados para diversas regiões do Estado.
O primeiro engenho de ferro fundido, com moendas dispostas no sentido horizontal, que chegou a Ponte Nova foi instalado na Fazenda Sacramento. Seu proprietário, o Dr. Francisco Martins Ferreira da Silva, ex-deputado, adquiriu a máquina do governo da Província, que havia comprado para difundir a novidade em Minas Gerais.
Em seguida, no ano de 1862, a Fazenda do Vau-Açu, pertencente aos herdeiros de José Francisco do Monte, e a do Pontal, de Francisco Machado de Magalhães, instalaram engenhos horizontais, importados da Inglaterra.
O primeiro Engenho Central, ou Usina de Açúcar, de toda a Minas Gerais foi instalado em Ponte Nova, no ano de 1885.
Os irmãos Francisco e José Vieira Martins, estimulados pelo sucesso do Engenho Central de Quipamã, que já operava há cinco anos na Cidade de Araruama-RJ, resolveram constituir a firma Vieira Martins & Cia, para viabilizar a instalação de uma usina em Ponte Nova que se tornaria a primeira indústria açucareira de Minas Gerais.
Os sócios fundadores desta usina foram os irmãos Francisco, José e Ângelo Vieira Martins, o cunhado deles Manoel Vieira de Souza, fundador da Cidade de Rio Casca.
Nascido no local denominado "Minhocas", José Vieira Martins transferiu-se para Ponte Nova, adquiriu a Fazenda do Pião e casou-se com Anna Florência Martins.
Jovem ainda, aos 46 anos de idade faleceu, em 1863, deixando a viúva e quatro filhos: Ângelo, qe se diplomou em direito pela Faculdade de São Paulo, Francisca Florência, que se casou com o Dr, Manoel Vieira de Souza; e os gêmeos José e Francisco que concluíram o curso da Academia de Medicina do Rio de Janeiro em 1882.
Retornando imediatamente após suas formaturas, os jóvens médicos dão início as obras de construção do Engenho Central. A Fazenda do Pião era local apropriado para a instalação da Usina: próximo a Ponte Nova, de boas proporções e possuidora de terras férteis.
As teraplanagens e as construções de diques, túneis, estradas e demais obras pesadas ficaram sob a responsabilidade do Sr.Antônio Moreira Maciel Pinto.
Contratada na cidade de de Campos - RJ, a empresas Thompson Black & Cia. enviou seus funcionnário de Ponte Nova, com a determinação de proceder a insalação do maquinário.
Conta o Dr. Ângelo Vieira Martins, em sua monografia intitulada "Uzina Anna Florência"., que a equipe da Thompson era chefiada pelo técnicos Mr Thomaz e Mr. Alexandre. Dirigiam os serviços de assentamento das peças de ferro, cobre e bronze Mr. Guilherme e os irmãos Inocêncio e Adalberto Alves Costa. Polycarpo de Oliveira administrava as obras de alvenaria.
No Ano de 1884, as máquinas importadas da Inglaterra para usina chegaram ao Rio de Janeiro. De lá até até a cidade de São Geraldo, seguiram em vagões da Estrada de Ferro Leopoldina Railway.
De São Geraldo até Ponte Nova, o transporte de grandes e inúmeras peças para a usina foi uma epopéia. Foram construídos vários carros de boi, com dimensões maiores que as dos convencionais, para transportarem os equipamento mais volumosos. Todos os carros em bom estado, disponíveis na região foram alugados, Trechos de estradas foram alterados para a passagem das máquinas e as porteiras, muito comuns mesmo nas estradas mais transitadas, tiveram seus esteio retirados.
Jarbas Sertório de Carvalho afirma, em seu "Aspectos da Indústria Açucareira no Município de Ponte Nova ", que o transporte dos equipamentos durou mais de quarenta dias e que, pelo menos, um acidente ocorreu nessa verdadeira aventura: O veículo que transportava o "Vácuo" aparelho de colossal dimensão, já alcançava o alto da Serra de São Geraldo, quando rolou despenhadeiro abaixo.Foram necessários dias e a ajuda de moradores da região para que um novo trecho de estrada fosse feito para o resgate do "vácuo" daquele abismo.
A usina foi inaugurada no ano de 1885 e recebeu o nome de "Uzina Anna Florência". Tal denominação foi escolhida para homenagear dona Anna Florência Martins, esposa do major José Vieira de Souza e mãe dos irmãos Francisco, José, Ângelo e Francisca, sócios do empreendimento.
A capacidade inicial da usina era de 240 a 300 arrobas diárias, e sua primeira safra foi, em grande parte, exportada para Ouro Preto.
A Usina Anna Florência teve sua razão social alterada algumas vezes, e Sócios foram incluídos, prevalecendo, sempre, as figuras dos dinâmicos Francisco e José Vieira Martins à frente da empresa.
Novos investimentos eram feitos constantemente, para melhorar e aumentara produção, Foram adquiridas outras fazendas que, anexadas às terras da usina, permitiram a expansão das lavouras.
O açúcar da Anna Florência chegava ate os grandes centros e compunha exposições especializadas, que lhe conferiam vários prêmios e distinções.
Para facilitar e agilizar o transporte da cana das lavouras ate a usina, foram construídos ramais de uma pequena estrada de ferro, com 75 centímetros de bitola.
Esses e outros itens de sofisticada tecnologia contribuiram para que a Usina Anna Florência ocupasse, durante anos a fio, posição de destaque no Estado e no País.
Dos vários funcionários da Thompson Black & Cia. que vieram para Ponte Nova trabalhar na construção da usina, alguns se adaptaram tão bem na cidade que, com a conclusão das obras, se instalaram definitivamente na cidade, constituíram família e deixaram descendentes.
Polycarpo de Oliveira continuou em Ponte Nova, trabalhou na construção de outra usina e prestou relevantes serviços em inúmeras obras, de grande porte, no município e região.
Os irmãos Alves Costa encontraram, em Ponte Nova, suas esposas. Inocêncio casa-se com Emma Garavini, e Adalberto une-se a Balduina Lessa.
Com a inauguração da usina, em 1885, as presenças de profissionais como os irmãos Alves Costa tornaram-se imprescindíveis. Os equipamentos precisavam de manutenção e constantes reparos. Assim, os Vieira Martins convenceram os irmãos Adalberto e Inocêncio a montarem uma grande oficina, na cidade, para o necessário serviço de assistência à Anna Florência e a outras propriedade que possuíam engenhos de cana.
Surgiu, então, no Largo Santa Rita, a "Fundição Progresso".
Por determinação de José e Francisco Vieira Martins, que muito se empenharam na instalação da fundição, assumiu as obras dos edifícios o experiente construtor Augusto Mayrink.
No ano de 1887, a oficina já funcionava com significativo número de funcionários, sob a administração dos irmãos Alves Costa.
Outra figura importante não só durante a construção da Usina Anna Florência, como também na instalação e crescimento da fundição, foi a do mecânico Emílio Garavini. Imigrante italiano, instalou-se, primeiramente, na Cidade de Rio Pomba. Convidado pelos Vieira Martins para integrar a equipe que montaria a usina, Emílio aceita. Entretanto, impõe uma condição: que fossem trazidos, da Itália, sua mãe viúva e seus irmãos menores, pois estava decidido a se fixar, definitivamente, em Ponte Nova.
Da Anna Florência, Emílio Garavini acompanha Adalberto e Inocêncio para a fundição, o qual se dedica ate sua morte.
Outro nome que se acha intimamente ligado à históna da Fundição Progresso é o de Acácia Martins da Costa.
Vindo jovem para Ponte Nova, empregou-se, em 1892, naquele estabelecimento, como aprendiz de mecânico. Anos mais tarde, em 1922, Acácio assume a construção da Jatiboca, tomando-se um de seus grandes acionistas e a ela se dedicando durante todo o resto de sua longa existência.
Outras usinas, ou engenhos centrais foram instaladas no município.
José Mariano Duarte Lanna, animado com a construção do trecho da Estrada de Ferro que ligava Ponte Nova à Estação de Piranga (hoje Xopotó),inaugurado em 30 de junho de 1886 por D. Pedro II e que cortava grande parte de suas terras, resolveu seguir o exemplo dos irmãos Vieira Martins.
Associou-se ao coronel José de Almeida Campos, a seus tios capitão Ignácio Mariano da Costa Lanna e capitão Venâncio Mariano da Costa Lanna e a seu primo, filho deste último, José Mariano Gonçalves Lanna.
No ano de 1887, já inauguravam o Engenho Central do Piranga, que tinha capacidade para produzir, em apenas 16 horas de trabalho, 400 arrobas de special açúcar.
Os modernos equipamentos do Engenho Central do Piranga, unidos, naturalmente, à qualidade da matéria-prima e à capacidade de seus funcionários e administradores, produziam um açúcar que foi apreciado em grandes centros, conferindo prêmios à segunda usina construída em Ponte Nova.
A Primeira Exposição Brasileira de Açúcares e Vinhos realizada em janeiro de 1889, na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, por exemplo, premiou a Companhia Engenho Central do Piranga, proprietária da usina.
Alguns anos mais tarde, uma série de dificuldades, incluindo a política governamental para o setor açucareiro, levou a dissolução da sociedade e da companhia.
Os equipamentos modernos e eficientes foram vendidos a Henrique Dumont, irmão de Alberto Santos Dumont, que, transferindo-os para Ribeirão Preto (SP), reequipou uma usina de sua propriedade.
A terceira usina instalada em Ponte Nova foi a Vau Açu, na fazenda de mesmo nome, no ano de 1888.
O surto desenvolvimentista estimulava o investimento, e os tradicionais e pacatos agricultores passaram a aplicar seus lucros na instalação de indústrias e modernização de suas propriedades.
O major João José Pereira do Monte, com o falecimento de seu pai, o capitão Sebastião José Pereira do Monte, tornou-se proprietário da Fazenda do Vau Açu, a mesma que fora construída pelo padre João do Monte, fundador de Ponte Nova.
A disponibilidade de água farta e em locais adequados serviu para a montagem de rodas d'água, que movimentaram um grande engenho.
Esse engenho, assim como as três turbinas, os aparelhos de vapor e demais equipamentos foram importados da França.
A Usina do Vau-Açu produzia, no ano de 1889, 200 arrobas de açúcar diariamente.Essa produção seguia toda para o Rio de Janeiro, onde era comercializada.
Esse empreendimento teve como sócios, além de João José, os senhores Eliziário Pereira Serra e Arthur Victor Serra.
Nesta época, apesar da existência de três engenhos centrais em Ponte Nova, as grandes fazendas não desativaram suas fábricas de rapadura e aguardente. No final do século XIX, eram 116 as propriedades rurais que mantinham seus engenhos funcionando.
Nessa ocasião surgiu, também, a figura do "fornecedor de cana". Eram fazendeiros que, não utilizando toda a cana plantada em sua propriedade, vendiam o excedente para a usina mais próxima.
Com as reformas, ampliações e aquisições de maiores e mais modernos equipamentos para as usinas, veio a necessidade de aumentar as áreas plantadas com cana. Assim, proprietários cujas terras eram vizinhas das usinas iniciaram a formação de grandes lavouras para suprir as necessidades das usinas pontenovenses.
As demais usinas de Ponte Nova foram instaladas no século XX, são elas: Usina Jatiboca, em 1920; Usina do Pontal, em 1935; Usina São José, em 1935; e Usina Santa Helena, em 1940.

Extraído do Livro "Ponte Nova 1770 -1920, 150 anos de História"
do escritor Antônio Brant À este,, todos os créditos.

Fonte:
http://www.pontenova.com.br/usinas.html

A antiga estrada de ferro.


As ferrovias industrais, ou particulares, do Brasil - aqui classificando-as como sendo ferrovias que não eram de uso público, 

sendo utilizadas apenas dentro de empresas, indústrias, usinas e outras - foram pouquíssimo estudadas e pesquisadas no Brasil. Uma ou outra têm mais informação: seu patrimônio se esvaiu há décadas, 
vendido como sucata em grande maioria,
sem que sua memória tenha sido resgatada. Por isso, o que se vê é um estudo com dados mínimos e colhidos em fontes diversas, nem sempre confiáveis (Ralph M. Giesbrecht).

Nome: E. F. Usina Ana Florência

Bitola: 1,00 m (1);
0,75 m (2)

Extensão: desconhecida

Data de início das atividades:possivelmente a mesma data de abertura da usina (1885)

Desativação: n/d

Proprietários identificados: Vieira Martins & Cia (1885) 


Propaganda da usina em 1939 (Revista da Semana, nro. 40, 9/9/1939).
Vagão da Leopoldina utilizada pela usina para transporte de álcool nas linhas da Leopoldina (Acervo Marcelo Lordeiro).

(1) Nicholas Burman e Roland Baraud, 2010. Segundo o livro Inventário das Locomotivas a Vapor do Brasil, Memória Ferroviária, de Regina Perez, a bitola seria de 60 cm. Mas não está correto: a bitola maior é mesmo de 1m(Notícia & Cia., 2006), p. 160
(2) segundo Antonio Brant



O Início - Um pouco de Historia


Nascido no local denominado "Minhocas", José Vieira Martins, que desde 1860 era dono de um engenho na Fazenda Sacramento, com moendas de ferro, transferiu-se para Ponte Nova, adquiriu a Fazenda do Pião e casou-se com Anna Florencia Martins. Seus filhos, Francisco e José Vieira Martins, médicos, construíram e instalaram o primeiro Engenho Central de Minas Gerais também em Ponte Nova, no ano de 1885, estimulados pelo sucesso do Engenho Central de Quissamã, que já operava há cinco anos em Macaé, RJ, Para isso fundaram e empresa Vieira Martins & Cia, para viabilizar aquela que se tornaria a primeira indústria açucareira de Minas Gerais. Sua construção começou em 1883 no Pião, e foi inaugurada no ano de 1885 com o nome de Usina Anna Florência. A razão social foi alterada algumas vezes, com sócios sendo incluídos, prevalecendo sempre os irmãos médicos Francisco e José Vieira Martins à frente da empresa. Para facilitar e agilizar o transporte da cana das lavouras até a usina, foram construídos ramais de uma pequena estrada de ferro, com 75 cm de bitola (Ponte Nova 1770-1920, 150 anos de História, Antônio Brant, site www.pontenova.com.br/usinas.html; Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XXVI, IBGE, 1959).


ACIMA: Linhas da usina Ana Florência em 1950, com bitola mista nesse ponto: métrica e 75 cm (Acervo Roland Baraud). 

Da estação de Ana Florência, inaugurada em 1913 na linha de Caratinga, da E. F. Leopoldina, saía uma linha particular para a fazenda São João, passando por Pião (Nicholas Burman, 2005).

Em 1939, a usina se chamava Companhia Açucareira Vieira Martins S. A. (Revista da Semana, nro. 40, 9/9/1939). As ferrovias internas da usina tinham bitola de 1 m - que era por onde seguiam os vagões da Leopoldina até a usina, e de, enquanto a ferrovia que ligava as fazendas e faziam o serviço do canavial tinha 75 cm de bitola. (Informações de Nicholas Burman e de Roland Baraud, 5/2010).

"Encontrei a estação de Anna Florencia (o que restou após a rapinagem) no meio de um canavial. A decadência, que já começara nos anos 1970, quando foram asfaltadas as estradas próximas, culminou com a desativação da Usina de açucar de mesmo nome em 1988. Do ramal que ligava a estação à Usina, por volta de 3 km, já não há vestígios. Das linhas que pertenciam à própria Usina, a mesma coisa. Incrível como uma tragédia destas acontece no Brasil, País pobre e agrícola - com os idealistas morre o idealismo. As familias se desagregam, o negócio torna-se oneroso e o que foi riqueza por décadas hoje encontra-se no abandono, na miséria" (Gutierrez L. Coelho, 09/2004).

 
ACIMA: Dois descarrilamentos com duas pequenas locomotivas a vapor Krauss, na ferrovia de bitola de 75 cm, em 1950. Ambas são (à esquerda) a "Capitão Manuel". CLIQUE SOBRE AS FOTOS PARA VER EM TAMANHO MAIOR (Acervo Roland Barraud).
"Quando era garotinho eu corria ver passar os trens carregados de cana de açucar rente à minha casa... Mando-lhe uma foto tirada em 1950 pelo meu pai que trabalhou na usina durante 3 anos. A foto (orientada com a usina pela frente a uns 500 metros ou pouco mais) mostra claramente as duas bitolas usadas, 0,75 e 1 m. Tenho lembranças dos trenzinhos da rede interna que na época da safra traziam a produçâo diária para a usina e do "especial", um trem muito mais importante com uma grande locomotiva que ligava a fazenda aos outros municípios (provavelmente Ponte Nova). O espetáculo era impressionante para um garotinho e eu subia na porteira junto com meu irmâo para ficar com toda segurança, o mais próximo possivel dos trilhos... Que tristeza de saber este patrimônio está abandonado, com os trilhos arrancados e a última locomotiva deixada como ferro-velho" (Roland Baraud, maio de 2010).


ACIMA: (esquerda) A usina em 1950, vendo-se três vagões de cana na linha (aparentemente métrica) (Acervo Roland Barraud). (direita) A usina por volta de 1950. Pode-se ver uma locomotivas junto à primeira porta à esquerda, no segundo prédio - CLIQUE SOBRE AS FOTOS PARA VER EM TAMANHO MAIOR (Arquivo Público Mineiro). ABAIXO: Vagonete para o transporte de pessoas na ferrovia de bitola estreita da usina, anos 1950 e uma moradia, na mesma época (Fotos Roland Barraud).
 

"Lembro-me com ternura e carinho aquele trenzinho refolegante correndo estabanado no meio dos canaviais. Nós chamavamos aquelas maquininhas serigaitas de 'Garrinchas'” (Zebitela, 18/5/2010).

Pelo menos uma das locomotivas da antiga ferrovia da Usina Ana Florência foi preservada: está hoje na própria usina, em Ponte Nova, e é uma Arnold Jung (alemã), de nome Dr. Luiz, fabricada em 1909, 0-4-0T, bitola 60 cm. Estática, está hoje em razoável estado de conservação. Nicholas Burman tem registros para 4 locos na usina - 2 Arnold Jung a vapor - que é a que está exposta hoje na usina (a outra ele não tem certeza, o importador das duas é o mesmo daí a especulação) -, além da "Capitão Manuel" (Krauss) e uma Arnold Jung a diesel (existente até 1984).

ACIMA: mapa da linha que ligava a linha de Caratinga, da Leopoldina, a Pião e à fazenda São João, onde se encontrava a usina Ana Florência (Mapa desenhado e cedido por Nicholas Burman, em 2005). ABAIXO: Na usina, estavam as linhas de 60 cm onde circulavam locomotivas como a que aparece nas fotos: uma Arnold Jung alemã, a "Doutor Luiz" de 1909 04-0T. Aparecem também o portão e a casa da usina (Fotos Amadeu Miguel Gomes em 2007). 
 
 

ACIMA: Vagões de cana na linha da fazenda. Qual linha? Provavelmente as de 75 cm. A foto é de uma propaganda da usina, em 1939 (Revista da Semana, nro. 40, 9/9/1939). ABAIXO: Em 1987, a usina ainda funcionava - a estrada de ferro provavelmente já não (Acervo Guilherme Belmiro).









Fonte:http://www.estacoesferroviarias.com.br/ferroviaspart_rj/efusinaanaflorencia.htm